domingo, 11 de fevereiro de 2007

Escape to Sao Paulo


Escape to São Paulo
NiceiaK

Num desejo maluco de ver como era a vida noturna de São Paulo, percorro a pé seu centro velho .Barão de Itapetininga, Viaduto do Chá, Rua Direita, Rua Xv de novembro. São 3:00 horas da manhã, ruas desertas, mendigos enrolados em cobertores fedorentos, dormem sob as marquises dos prédios.
Andava com o pensamento na miséria humana, quando de repente dou de cara com uma gang de jovens delinqüentes. Pálida de medo, ganho deles uma pedra que tinha o formato de caveira. Aperto o passo e quase correndo percebo um trombadinha com uma faca na mão se aproximando . Na tentativa de defender-me, jogo-lhe a pedra em sua cabeça. Era a senha:
"Bateu, morreu"
Corri, corri muito sendo perseguida pelo trombadina e já quase sem fôlego entro num Edifício. Pego o elevador, aperto qualquer botão e por alguns minutos me sinto segura.
Quando saio do elevador, dou de cara com dezenas de pessoas desesperadas, também sendo perseguidas, correndo em todas direções.
Gritos, choro, desespero, cada um buscando um esconderijo seguro, uma sala, uma escada um cantinho.

Corro para um imenso salão e fico espantada com o que vejo: um grupo de pessoas organizadas, ensacando pessoas.
Colocavam cada pessoa num saco plástico transparente, amarravam e iam empilhando uns sobre outros. Estocando-as.
Procurei saber o por quê de ensacar pessoas e uma senhora disse que quem estivesse ensacada, nao corria perigo. A gang não atacaria.

A idéia de ser ensacada me deu desespero e tomei outra decisão. Corri escada abaixo e ouvindo gritos e choros desesperados, me deparei com a mesma multidão que voltava, desorientada, horrorizada dizendo que que a gang estava matando, decapitando.
Entro em nova sala e vejo pessoas insensatas, raspando o cabelo com pedras e objetos não cortantes, na esperança de serem confundidas com os Skin heads.
Tentei raspar meu cabelo, sem sucesso.
Em minha desvairada corrida, eu só encontrava portas e janelas trancadas. Não tinha a menor chance de escapar.
Paro numa porta com uma grade entreaberta que dava para um saguão escuro. Fico desconfiada. Será uma armadilha? Será seguro transpor esta porta?
Eu não tinha outra escolha, percebia os passos da gang se aproximando quando ouço uma campainha: tararã, tararã, tararã.
Eram os anjos da guarda, outra gang, desta vez uma gang do bem que haviam chegado em nosso socorro.
O dia já estava clareando e tudo volta ao normal. As ruas cheias de trabalhadores, executivos, porteiros, secretárias tudo no lugar, como se não existissem madrugadas tão irreais, naquela Paulicéia desvairada.

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