domingo, 14 de janeiro de 2007

Conto: Uma aventura em Key West


Uma Aventura em Key West
Niceia K
Sexta-feira.
Mereço um day off.
Fechei meu escritório. Peguei meu mustang conversível e rodei por Miami, procurando inspiração para um final de semana relaxante.
Passei por Coconut Grove, Key Biscayne, ganhei a estrada e entrei na Florida’s Turnpike, rumo ao Sul do Estado.
A manhã estava quente, o vento soprava do oceano, trazendo uma brisa refrescante. O tempo estava firme, o céu azul perfeito para uma aventura.
Liguei meu rádio, estava tocando Credence. Entrei na US1, rumo as Keys.Leio na placa a distância que ia percorrer até a última das keys. 180 milhas de Miami até Key West, cerca de 3 horas.
Travei meu “cruise control”, abaixei a capota de meu mustang e cabelos ao vento , fui deixando para trás Miami e meu trabalho.
A Us1 é um longo e belíssimo caminho de pontes suspensas sobre o Golfo do México , que vai ligando dezenas de pequenas e médias ilhas.
Passei por Key Largo, Islamorada, Marathon, Big Pine Key e podia ler os avisos da rota de fuga dos furacões .
A água do mar , de um azul tropical, era cortada por dezenas de luxuosos yates. Eu estava atravessando o roteiro mais luxuoso da Florida.
Parei algumas vezes, no caminho para tirar fotografias, tomar um café..
Chego a Key West no final da tarde e me hospedo num charmoso Hotel na Duval St, perto do Centro e do Mallory Square.
Descansei, tomei banho, pus um vestido longo de alcinhas, uma rasteirinha no pé e uma trancinha no tornozelo, cabelos soltos e pronto, estava vestida pra arrasar!
A pé fui olhar vitrines e procurar um programa para a noite. Puxa que fome pensei, ao ver um Restaurante “Comidas Caribenhas”. Entrei, pedi o cardápio e escolhi um prato bem exótico; “Salmon com pignoli au Maple-pesto sauce.
"Isto soa bem e parece delicioso" pensei.
Pedi um drink muito colorido a base de vinho, laranja, vodka, enfeitado com amêndoas e canela. Absolutely exotic.
Estava tão distraída com a decoração e embalada na música caribenha, que nem havia notado, na mesa ao lado, uma moça também sozinha.
Olhei uma vez, olhei de novo e pude notar que ela estava interessada em companhia.
O restaurante, pelo horário, ainda tinha poucos clientes. A pista de dança, na penumbra, estava vazia. E o ritmo da salsa e do mambo, dava ao ambiente uma atmosfera muito especial.
Acabei de jantar e estava pedindo uma sobremesa , um creme com Apricot, absolutely delicious, quando a moca se aproximou e pediu licença para sentar-se.
- Rose Lander, prazer em conhecê-la, sou a dançarina deste Restaurante e minha função é entreter os clientes.
Oh. It's fine. Prazer é meu, me chamo Sandra, sou brasileira, trabalho com representação de gemas brasileiras e moro em Miami há 3 anos.
- Já havia percebido que você é brasileira, pelo jeito de se vestir e pelo sotaque.
- Muito observadora, disse eu.
Ela sem perder mais tempo, convidou-me para dançar a Salsa.
- Sorry, eu não sou boa nisso.
- That’s Ok. It is my job. Vou te ensinar.
Fomos para a pista de dança. Só nós duas naquela penumbra, o que era bom, pois eu fiquei mais ä vontade para aprender o ritmo caribenho.
Ela tinha um perfume delicado nos longos cabelos encaracolados e um sensual ritmo nos quadris.
Dançamos muito e aprendi a remexer meus quadris. Como a Salsa é envolvente!
Fui embora cedo para o Hotel, o dia havia sido puxado.No dia seguinte fiz um passeio de Barco até The Dry Tortugas, cerca de 70 milhas de Key West e distante 20 milhas de Cuba.
Esta ilha é o alvo dos cubanos que tentam ir a nado ou de barcos improvisados para emigrarem para os EUA.
Conheci a estória da ilha que fora descoberta por Ponce de Leon em 1513. Em 1825 os EUA, construíram um Farol para dirigir os navegantes.
Passei o dia neste passeio e a noitinha, saí de novo a pé pelo Down Town e fui até o Mallory Square onde centenas de turistas se reúnem para apreciar um dos m ais belos pores de sol, já vistos.
Nesta praça podemos ver malabaristas, dançarinos, cantores e tipos muito esquisitos de gente e animais.
O sol se punha vermelho, manchando as águas e a paisagem em seus tons de púrpura, algo belo de se ver e digno de colecionar para sempre, na memória. E os turistas aplaudiam e cantavam despedindo-se do Astro maior.
Estava lá fotografando, quando encontro Rose Lander, que ficou muito feliz em me ver.
Hoje estou de folga, disse ela já propondo um passeio pelas areias quentes da praia.O calor do verão, a brisa quente e os luxuosos Yates ancorados no pequeno porto, emprestavam ao lugar um quê mágico e sofisticado.Ficamos horas sentadas na areia, conversando sobre nossas vidas, nosso trabalho, nossas origens. Até que ela, uma perfeita guia turística, convidou-me para ir ao “The Bull” um barzinho famoso.
Fomos.
The Bull, tem três andares. No primeiro andar é onde os artistas, gays, lésbicas e simpatizantes se encontram. No segundo andar, tem sinuca e bebidas e muito motoqueiro das Harlley Davidson. No terceiro andar tem o “Naked Bar” onde se pode tirar as roupas, e ali nus e nuas, ficam conversando, bebendo, tudo muito natural.
Ficamos no primeiro andar.
Key West é assim. Lugar onde os “descolados se encontram”
Cabelos, maquiagens, roupas tudo muito extravagante. E pessoas como eu “normalzinha” que gostam de excentricidades.
Rose convidou-me para dançar.
A música caribenha, sua voz, seu perfume, sua sensualidade, tudo foi me envolvendo e no final da noite fomos para o Hotel e eu me entreguei à fantasia de Key West e tivemos uma noite de muitas descobertas.
Acordei bem cedo, fiz o chek out , dei partida no meu conversível e fiz o caminho de volta .
O ritmo quente da Salsa perseguia meus pensamentos e a lembrança de Rose Lander, trazia-me saudades.

Nenhum comentário: